Antes de analisarmos o 5º argumento do Profº Flávio contra o Sábado, gostaria que os leitores pudessem ver o que disse um erudito Metodista a esse respeito:
Adam Clarke, em seu autorizado comentário:
“Não há aqui indicação de que o sábado fosse abolido, ou que sua obrigação moral fosse superada pelo estabelecimento do cristianismo. Demonstrei em outra parte que ‘Lembra-te do dia de sábado para o santificar’ – é um mandamento de obrigação perpétua, e nunca pode ser superado senão pela finalização do tempo” Citado em “Sutilezas do Erro”, pág. 125.
Queridos o grande perigo de muitos cristãos é de se basearem apenas no que diz os pastores de suas igrejas locais, e não buscar aprofundar-se no conhecimento Bíblico, e pasmem até mesmo no conhecimento do pensamento oficial de suas igrejas através dos manuais, vejam a declaração contida no manual das Igrejas Batistas, o “New Hampshire Confession of Faith”, sistematizado por Edward T. Hiscox:
“Cremos que as Escrituras ensinam que a Lei de Deus é a norma eterna e imutável de Seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17; Rom. 3:20; 4:15); que essa lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12; 7:7, 14, 22; Gál. 3:21; Sal. 119); e que a incapacidade, que as Escrituras atribuem aos homens caídos, de cumprirem seus preceitos, resulta inteiramente de seu amor ao pecado (Rom. 8:7, ; livrá-los disso e restaurá-los por meio de um Mediador a uma sincera obediência à santa lei, é o grande propósito do evangelho e dos meios de graça relacionados com o estabelecimento da igreja visível (Rom. 8:2–4).” — Art. 12, p. 63–64. Também é encontrado no “Manual das Igrejas Batistas”, por William Carey Taylor, ed. 4 (1949), p. 178, art. 12. Citado em O.C.S. Wallace, “What Baptist Believe”, p. 79. Grifos acrescentados.
E o posicionamento oficial da Igreja Batista defendendo a vigência da Lei Moral:
“Para sempre a Lei Moral requer obediência de todos, tanto de pessoas justificadas quanto das demais. E isto não apenas por causa do assunto de que trata essa lei, mas, também, por causa da autoridade de Deus, o Criador, que a impôs. No evangelho, Cristo de modo nenhum dissolve a lei, antes confirma a sua obrigatoriedade.” — Em “Confissão de Fé Batista de Londres” (1689), art. XIX, tomo III e IV. Grifos acrescentados.
Albert Barnes, profundo comentador presbiteriano, em sua obra Notes on the Testament, comenta Colossenses 2:16, textualmente:
“Não há nenhuma evidência nessa passagem de que Paulo ensinasse que não havia mais obrigação de observar qualquer tempo sagrado, pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos Dez Mandamentos havia cessado de ser obrigatório á humanidade. Se ele tivesse escrito a palavra ‘O sábado’, no singular, então, certamente estaria claro que ele quisesse ensinar que aquele mandamento (o quarto) cessou de ser obrigatório, e que o sábado não mais deveria ser observado. Mas o uso do termo no plural, e a sua conexão, mostram que o apóstolo tinha em vista o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festivais, como uma parte de sua lei cerimonial e típica, e não a lei moral, ou os Dez Mandamentos. Nenhuma parte da lei moral – nenhum dos Dez Mandamentos – poderia ser referido como ‘sombra das coisas futuras’. Estes mandamentos são, pela natureza da lei moral, de obrigação perpétua e universal”.
A verdade é que Paulo no livro de Gálatas também não tem intuito de destituir o vigor da Lei Moral, uma vez que, o que está em discussão nesta epístola não é a Lei moral ou Cerimonial e sim que a Lei não salvará ninguém, como bem abordou o nosso colunista Diego Pimenta no debate passado, sendo certo de que somente haverá salvação mediante a graça. Portanto, naquela época estava sendo ensinado pelos Judaizantes que a guarda da lei era necessária a salvação, onde na verdade não é uma vez que somos salvos única e exclusivamente pela graça que há em Cristo. Outro detalhe importante é que esses "dias" sequer fazem referência ao sábado da Lei moral, Paulo refere-se aos dias, meses e anos que também levavam o nome de "sábados", nesse caso esses dias eram os sábados cerimoniais que levavam à crucificação de Cristo e que eram guardados “além dos sábados do Senhor” (Levíticos 23:38), e que posteriormente, ou seja na morte de Cristo, seriam abolidos. Vejam a enumeração de todos esses tipos de sábados a seguir:
O Primeiro Dia dos Pães Asmos – 15o dia do 1o mês (Lev. 23:6);
O Sétimo Dia dos Pães Asmos – 21o dia do 1o mês (Lev. 23:8,11);
Dia de Pentecostes – 6o dia do 3o mês (Lev. 23:24;25);
Festa das Trombetas – 10o dia do 7o mês (Lev. 23:16,21);
Dia da Expiação – 10o dia do 7o mês (Lev. 23:29-31);
Primeiro Dia da Festa do Tabernáculos – 15o dia do 7o mês (Lev. 23:34;35);
Sétimo Dia da Festa dos Tabernáculos – 22o dia do 7o mês (Lev. 23:36).
O comentário Bíblico Adventista acrescenta, a respeito de Gal. 4:8-11, o seguinte:
Não há base escriturística para assumir, como alguns o fazem, que os “dias” dos quais Paulo fala aqui se refiram ao sábado do sétimo dia. Em nenhum lugar da Bíblia é feito referência ao sétimo dia na linguagem aqui usada. Além disso, o sábado do sétimo dia foi instituído na criação (Gên. 2:1-3; cf. Êxo. 20:8-11), antes da entrada do pecado, e cerca de 2500 anos antes da inauguração do sistema cerimonial, no monte Sinai. Se a observância do sábado do sétimo dia subjuga o homem à escravidão, então o próprio Criador deve ter entrado em escravidão, ao observar o primeiro sábado do mundo! E essa conclusão é inconcebível.
Pois é meu amado irmão, cuidado para não acreditar em tudo que vos falam sem se deter a um conhecimento mais minucioso do que as Sagradas Escrituras falam, segundo o ensinamento de muitos o próprio Cristo hoje estaria sendo condenado por observar o dia em que seu Pai instituiu somente em benefício do ser humano, e para que pudesse ter um relacionamento mais especial com sua criação sem interferência de trabalho, estudo, e as demais coisas seculares dos outros dias da semana. Fique com Deus e experimente observar um sábado e verás como esse dia é "abençoado, santificado e deleitoso". (Gen 2:1-3 e Isa. 58:13-14)
Autor: Thiago Costa